Governança, ética e pessoas!

Governança, ética e pessoas!

by Rodrigo Soares Ferreira -
Number of replies: 4

MBA EM ESTRATÉGIA E INOVAÇÃO

Certamente a governança deve ser pautada na ética e no propósito que move a empresa. Se os líderes ou representantes atuarem como promotores da cultura organizacional, ocorrerá a transformação institucional da maneira correta. No entanto, a falta de ética e visão restrita ao lucro, atribuída a alguns indivíduos, acentua o desvio entre a teoria e prática, afetando de maneira irreversível a visão de colaboradores, clientes e stakeholders sobre a governança empresarial e principalmente, sobre à confiabilidade da instituição.

Um exemplo recente pode ser atribuído à empresa Americanas, que passou por uma fraude contábil histórica que a levou ao processo de recuperação judicial. Pode-se dizer que esta ação foi consequência do perfil da empresa? Não. A princípio partiu de membros da antiga diretoria que queriam demonstrar falsos aumentos de caixa, que valorizavam de maneira artificial as ações da companhia na bolsa de valores. Atuaram manipulando não só resultados financeiros, quanto o próprio setor de compliance da empresa, que deveria monitorar as ações.

No final de tudo, a governança se resume a pessoas.


In reply to Rodrigo Soares Ferreira

Re: Governança, ética e pessoas!

by Leandro Bissoni da Silva -
Rodrigo, ótimo post. Sua colocação é essencial para entender a distância entre a governança no papel e a governança praticada. O caso das Americanas ilustra de forma clara como decisões individuais, quando desconectadas de ética e responsabilidade, conseguem comprometer toda a estrutura formal de controles. Mesmo sistemas robustos tornam-se vulneráveis quando aqueles que deveriam zelar pela integridade passam a atuar para contorná-la.
Concordo especialmente com o ponto de que a governança depende de pessoas. Processos, políticas e auditorias são importantes, mas não substituem o comportamento ético dos dirigentes. Quando a liderança opta por manipular informações ou priorizar ganhos pessoais, o impacto vai muito além dos números: corrói a confiança, desmotiva equipes e afeta a credibilidade perante o mercado.
In reply to Rodrigo Soares Ferreira

Re: Governança, ética e pessoas!

by Igor Andrade Araújo -
Concordo plenamente com você: os valores pessoais dos dirigentes influenciam de forma direta e profunda a qualidade da governança corporativa. A escolha do caso Americanas foi excelente, pois ilustra não apenas um desvio ético individual, mas um efeito cascata que atravessa toda a organização. A Americanas é um exemplo didático da teoria da agência e, ao mesmo tempo, uma demonstração de como uma cultura organizacional fragilizada pode produzir impactos devastadores tanto internamente quanto no ambiente externo.
O episódio das Americanas mostra como comportamentos antiéticos na alta liderança podem gerar consequências sistêmicas, comprometendo não só a credibilidade da empresa, mas também agentes econômicos e institucionais ao seu redor. Entre alguns dos efeitos mais críticos, podemos destacar:
*Queda abrupta de quase 80% no valor das ações, gerando perdas severas para milhares de acionistas e investidores;
*Envolvimento da PwC, empresa responsável por auditar os balanços, ampliando o escândalo para além da companhia e colocando em xeque mecanismos de controle que deveriam garantir confiabilidade;
*Prejuízo massivo à cadeia de fornecedores, incluindo pequenas empresas que ficaram sem receber e, em muitos casos, tiveram que fechar as portas;
*Revelação de uma dívida de aproximadamente R$ 40 bilhões, seguida do pedido de recuperação judicial, que impactou diretamente o governo por meio de queda na arrecadação, aumento potencial de gastos com seguro-desemprego e uma série de outras consequências macroeconômicas.
In reply to Rodrigo Soares Ferreira

Re: Governança, ética e pessoas!

by Airton Braga -

Rodrigo, ótima reflexão! Concordo totalmente contigo quando você traz que a governança só funciona de verdade quando está enraizada na ética e nos princípios que a empresa defende. No fim das contas, são as escolhas das pessoas — especialmente das lideranças — que sustentam ou derrubam qualquer estrutura formal.

O caso das Americanas ilustra muito bem esse descompasso entre o que está no papel e o que acontece na prática. Mesmo com mecanismos de controle, compliance e processos estruturados, bastou a ação de alguns dirigentes para comprometer toda a credibilidade institucional. Isso mostra que, sem integridade na liderança, nenhum sistema de governança se mantém de pé.

E é exatamente aí que a gente volta para o ponto central: governança começa no comportamento. Quando líderes promovem transparência, responsabilidade e propósito, a organização inteira se alinha. Quando fazem o contrário, o impacto é profundo e difícil de reverter.

No fim, assim como você disse, tudo retorna às pessoas — e ao tipo de exemplo que elas decidem dar.

In reply to Rodrigo Soares Ferreira

Re: Governança, ética e pessoas!

by Vanessa Andretta Schinko -
Rodrigo, muito boa a sua análise, me chama atenção a distância entre o que é formalizado como governança e o que realmente acontece na prática.

O caso das Americanas só demostra como o desvio ético, mesmo após anos, impacta nos resultados. Quando falamos de governança, não estamos discutindo só processos de controle, estamos falando de coerência. A fraude das Americanas não nasceu da falta de políticas ou de auditorias, mas da decisão consciente de algumas pessoas que deveriam ser o exemplo máximo de integridade. Ou seja, o problema não estava na estrutura, mas nas pessoas.

Ao manipula informações a empresa não teve apenas o caixa financeiro comprometido, isso gerou uma quebra na confiança global para empresa, perdendo investidores e fornecedores, desestruturando as equipes, criando insegurança interna e abalando até o cliente final.