E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

por Caroline Inácio Bonatto -
Número de respostas: 5

A governança começa no comportamento do indivíduo. Essa ideia é importante para entendermos que os valores dos dirigentes podem, e vão, influenciar no sucesso ou no fracasso da governança organizacional, fator esse que traz complexidade à governança. 

Logo me vem a mente o nosso contexto brasileiro, o desafio é ainda mais evidente diante do jeitinho brasileiro, uma forma cultural de agir com flexibilidade e criatividade, mas que, quando mal direcionada, pode levar a quebra de regras, a falta de transparência e à perda de credibilidade institucional, por exemplo. Os valores pessoais dos líderes são determinantes, líderes éticos e coerentes inspiram confiança, fortalecem a cultura de integridade e tornam os princípios de governança partes efetivas da organização. Já aqueles líderes que utilizam o jeitinho para contornar normas ou favorecer interesses particulares enfraquecem a credibilidade e o exemplo ético, transformando a governança em mera formalidade.

A verdadeira governança nasce do comportamento ético e exemplar dos dirigentes, capazes de inovar de modo responsável e estimular criatividade com propósito, sem abrir mão da integridade. Com isso, vemos que o caráter do líder pode definir se a cultura organizacional será guiada pela ética ou pela conveniência.


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Re: E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

por LUCAS DE MORAIS PEREIRA -
Excelente reflexão! A forma como você relacionou a governança ao contexto cultural brasileiro é muito pertinente. A apostila mostra que a governança não é apenas um conjunto de regras, mas sim uma expressão prática de valores como integridade, prestação de contas e equidade. No Brasil, o desafio é justamente transformar o “jeitinho”, muitas vezes associado à flexibilidade, em criatividade ética e responsabilidade social.
Líderes coerentes e éticos conseguem mostrar que é possível inovar com propósito, sem abrir mão da integridade. Por isso, concordo totalmente com sua conclusão: o caráter do dirigente é o que determina se a cultura organizacional será guiada pela ética ou pela conveniência.
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Re: E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

por Carolina Vasconcelos de Barros Santos -
Achei muito interessante a abordagem do “jeitinho brasileiro”, realmente um traço que é cultural pode influenciar na governança. Dependendo dos valores do líder, isso pode tanto gerar criatividade e soluções inteligentes quanto abrir espaço para desrespeito às regras, práticas antiéticas etc. Isso ilustra bem como a governança começa no comportamento.
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Re: E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

por Rodrigo Soares Ferreira -
Muito bem lembrado Caroline! O jeitinho brasileiro é amplamente utilizado em certas corporações, por profissionais que tentam justificar a incoerência entre o discurso e as as ações. Sempre há uma brecha ou um parágrafo mal redigido que enfraquecem a cultura. O efeito acaba por ser potencializado, quando líderes antiéticos, unem o jeitinho brasileiro à lei de Gérson, para levar vantagem em tudo. Concordo plenamente com sua citação, de que a governança nasce do comportamento ético e exemplar dos dirigentes.
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Re: E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

por Christiane Pinheiro da Silva Bittencourt -
Acredito que o maior perigo do jeitinho na liderança de alto nível (aqui no Brasil) não é só a quebra de regras óbvia, mas a criação de sistemas paralelos de conveniência. É quando o líder usa sua influência para fazer com que o sistema pareça funcionar, mas apenas para o benefício de poucos. Você concorda que isso é mais sutil e destrutivo do que a simples "quebra" de uma regra?
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Re: E quando o comportamento é o do jeitinho brasileiro?

por Jeferson de Paula -
Excelente ponto, especialmente ao trazer o “jeitinho brasileiro” para o debate. Concordo que esse traço cultural possui uma ambiguidade importante: ao mesmo tempo em que revela capacidade de adaptação e criatividade, pode também funcionar como um mecanismo de bypass das regras, onde é justamente a governança se fragiliza.

Na perspectiva da boa governança, o desafio não é eliminar a criatividade cultural, mas orientar o comportamento dos dirigentes para que a flexibilidade não se transforme em permissividade. Quando líderes tratam normas como barreiras a serem contornadas, mesmo sob justificativas operacionais, eles enviam um sinal claro para a organização: resultados importam mais do que integridade. Isso rapidamente deteriora a cultura ética e aproxima a governança de um ritual formal, sem efetividade.

Por outro lado, quando dirigentes mantêm postura ética (mesmo diante de pressões, prazos ou informalidades culturais) o “jeitinho” pode ser ressignificado como capacidade de resolver problemas de forma criativa, mas dentro dos limites institucionais. Nesse sentido, o comportamento do líder funciona como contraponto à cultura mais permissiva, reforçando que governança não é sinônimo de rigidez, mas de coerência.

No fundo, sua reflexão mostra que a governança brasileira não precisa negar o contexto cultural; ela precisa elevar o padrão do comportamento, para que criatividade e integridade deixem de ser opostos e passem a coexistir.