Dentre as dimensões da governança organizacional, destaca-se a dimensão cultural, que descreve os valores, crenças e padrões de conduta compartilhados internamente entre os colaboradores. Essa dimensão é fundamental porque influencia diretamente a forma como as pessoas percebem a organização, tomam decisões e interagem entre si. Nesse sentido, os dirigentes tornam-se agentes e espelhos da cultura, pois representam a organização diante de suas equipes e funcionam como exemplos de como agir, decidir e priorizar.
As pessoas tendem naturalmente a seguir o comportamento de seus superiores. Muitas vezes, mesmo sem a capacidade de racionalizar suas ações, pessoas reproduzem atitudes de líderes partindo da presunção de que eles possuem motivações mais bem trabalhadas. Esse padrão comportamental revela a força da influência hierárquica e reforça a responsabilidade dos dirigentes como modeladores da cultura de governança.
Além disso, o fenômeno do reforço social intensifica esse efeito. Quando determinados comportamentos são reconhecidos ou valorizados, as pessoas se sentem motivadas a replicá-los: seja em busca de sucesso, pertencimento ou até proteção. Assim, líderes que praticam e incentivam condutas éticas tendem a fortalecer uma cultura de governança positiva; líderes que toleram desvios, mesmo que sutis, acabam disseminando comportamentos inadequados. Por exemplo, um líder mais individualista tende a dedicar menos atenção a medidas voltadas ao bem-estar coletivo, o que pode comprometer transparência, equidade e responsabilidade.
Dessa forma, a cultura de governança é fortalecida ou enfraquecida a partir dos comportamentos dos dirigentes. Quando os valores pessoais dos líderes estão alinhados aos valores organizacionais, eles se tornam catalisadores de boas práticas. Quando não há alinhamento, o comportamento individual pode comprometer todo o ambiente, criando uma cultura distorcida ou permissiva a riscos.