Na minha visão, a relação entre conselho e diretoria só funciona de verdade quando existe um ambiente de confiança e comunicação madura. Não adianta ter um conselho super técnico se a diretoria tem medo de trazer problema, ou se o diálogo acontece só na reunião formal de pauta cheia. Boas práticas começam pelo básico: informação clara, completa e no tempo certo. Isso significa compartilhar não só os números “bonitos”, mas também riscos, desvios e dúvidas, sem maquiagem.
Outra prática que considero essencial é combinar expectativas dos dois lados. Conselho e diretoria precisam alinhar qual é o papel de cada um: o conselho definindo direção, fazendo perguntas difíceis e acompanhando resultados; a diretoria trazendo visão operacional e propostas de caminho. Quando esse “contrato psicológico” fica claro, diminui a interferência indevida na gestão e aumenta a qualidade das conversas.
Por fim, acho importante criar canais de diálogo para além da reunião formal: encontros periódicos entre presidente do conselho e CEO, visitas a áreas-chave, momentos de discussão estratégica sem tomada de decisão imediata. Esses espaços ajudam a construir confiança pessoal e permitem tratar temas sensíveis com mais transparência. No fim das contas, a excelência em governança aparece quando conselho e diretoria conseguem discordar com respeito, trocar informação de forma aberta e manter o foco no propósito e na sustentabilidade da organização.