Princípios de ética, cultura e diálogo são fundamentais para sustentar a relação entre conselho e diretoria. Conselhos podem ser ativos formalmente e ainda assim manter relações frágeis quando o fluxo de comunicação é assimétrico, seletivo ou politizado. É nesse espaço que a governança deixa de ser mecanismo meramente formal.
A ética necessita orientar que os comportamentos traduzam numa disposição real de compartilhar informações sensíveis sem manipulação política ou uso estratégico para influenciar decisões.
A cultura deve reforçar a abertura ao contraditório, não enxergando divergências como ameaça, mas como ferramenta de qualificação das decisões.
O diálogo aberto sendo capaz de lidar com conflitos, evitando silos e narrativas paralelas entre áreas e conselheiros.
Quando agindo juntos de forma coerente, esses três fatores reduzem jogos de poder e aumentam a credibilidade entre diretoria e conselho.
Do ponto de vista prático, existem técnicas de comunicação capazes de reduzir vieses para evitar subjetividade e manter foco nos interesses da organização. Dentre as principais:
- Apresentar conclusões antes dos detalhes e argumentos de suporte evita dispersão e garante que todos entendam rapidamente o impacto estratégico das decisões.
- Registrar decisões em atas, aumenta responsabilidade e impede revisões narrativas posteriores.
- Definir pautas com outputs esperados evita que conselhos se tornem arenas de discursos e não de deliberação.
- Revisitar temas de forma recorrente, e não apenas anual, reduz “apagões informacionais” entre ciclos.
- Garantir espaço de réplica e tréplica evita debates artificiais e simulações superficiais de consenso.
- Conectar ações a resultados com indicadores elimina debates opinativos e fortalece decisões baseadas em evidências.
- Padronizar a linguagem, reduzindo ambiguidades e evitando indiretas, previne ruídos entre conselho e diretoria.
- Justificar pedidos com intencionalidade técnica, quando necessário, colabora com a interpretação e avaliação de viabilidade.