Comunicação nas relações de governança

Comunicação nas relações de governança

by Vanessa Andretta Schinko -
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Acredito que a excelência em governança depende muito menos de estruturas formais e muito mais da qualidade da comunicação e da relação de confiança que se estabelece entre o conselho e a diretoria executiva. Processos são importantes, mas são as conversas, a transparência e a coerência entre as partes que realmente fazem a governança funcionar.

Nas organizações onde já atuei, percebo que um dos pilares dessa relação é a forma como os resultados e as informações estratégicas são compartilhados. Quando existe um fluxo regular de dados claros, objetivos e comparados com metas e resultados anteriores a tomada de decisão se torna mais acertiva. Isso vale para indicadores financeiros, desempenho de operações, evolução de projetos, riscos e até pontos de atenção que exigem resposta rápida. Quando as informações chegam de maneira consistente, a confiança se fortalece naturalmente, porque ninguém é pego de surpresa.

Outro ponto importante são os rituais de alinhamento. Reuniões semanais ou quinzenais criam um espaço de diálogo onde cada área apresenta avanços, desafios e necessidades de ajuste. Esse tipo de rotina não só garante transparência, mas também aproxima as pessoas. A diretoria executiva sente que tem abertura para apresentar dificuldades sem ser julgada, e o conselho ou as lideranças estratégicas conseguem acompanhar a evolução dos temas.

Mas, como toda dinâmica organizacional, também existem desafios. Em alguns casos, percebo que a comunicação poderia fluir de maneira mais ágil, sem depender exclusivamente das reuniões formais para que decisões fossem encaminhadas. A demora na troca de informações pode gerar ruídos, atrasar entregas e até aumentar tensões desnecessárias. Acredito que um fluxo mais contínuo com atualizações curtas, materiais pré-alinhados e conversas pontuais ajudaria a criar mais clareza e reduz retrabalho.

No fundo, comunicação e confiança caminham juntas. Quanto mais transparente é o processo, mais segura se sente a diretoria para apresentar propostas e mais confortável fica o conselho para orientar, questionar e apoiar. E quando há confiança, as conversas se tornam mais francas, os problemas são enxergados com antecedência e o ambiente organizacional fica mais saudável.

Para mim, uma governança eficaz nasce justamente desse equilíbrio: informações de qualidade, diálogo permanente e relações pautadas com respeito. Não é apenas ter conselhos ativos se trata de escuta e responsabilidade compartilhada.